As abelhas nativas sem ferrão (asf) produzem mel, pólem, própolis e cera, como a grande maioria das abelhas sociais. Porém quando se fala em abelha, o mel ainda é o principal produto, quer dizer, o mais cobiçado entre nós. O que pouca gente sabe é que o mel das asf tem características diferentes que chegam a ser contrastantes se comparados ao mel das abelhas ápis (com ferrão) que a maioria conhece. A primeira característica é que ao manusearmos um recipiente com o mel de alguma espécie de asf, percebemos logo que sua consistência é bastante aquosa. A segunda é que ao abrirmos esse recipiente perceberemos um aroma enigmático, exótico e muito atraente, um verdadeiro convite para ser provado, e é aí que seremos surpreendidos por outra caracteíristica, o paladar: no contato com a boca percebemos inicialmente uma acidês bem elevada, um doce meio azedinho que enche nossa boca de água, além de nuances inusitadas, impossível de serem descritas, a não ser de uma forma bem direta: DELICIOSO!!!
Aprendemos com as abelhas de ferrão (apis) que um grande fator responsável pela variação de cor e sabor no mel são as espécies de plantas onde o néctar foi recolhido. Assim o mel de flor de laranjeira apresenta a cor amarelo bem clarinho e suave perfume enquanto o mel de bracatinga é marrom escuro e de sabor bem marcante. Com o mel dessas abelhas experimentamos á décadas dezenas de tons, cores e sabores.
Porém com o recente avanço e crescimento da meliponicultura essa multiplicidade de aromas sabores e cores ganhou centenas de possibilidades. Acontece que Só no Brasil estima-se a existência de 300 espécies de asf. Cada espécie desta vai ter seu mel peculiar, com o sabor predominante daquela espécie. Como se não bastasse o mel de uma mesma espécie terá variações em suas caraterísticas conforme a região em que a colônia se encontra, devido a vários fatores como vegetação, clima, altitude, etc. Só até aqui já dá pra entender porque são centenas de cores aromas e sabores destes méis.
As asf, diferentemente das ápis, não depositam mel e pólem nos favos pois estes são usados apenas para as crias. Então elas constroem potes ovalados ou arredondados, cada espécie com um tamanho de pote diferente e armazenam aí seus alimentos, mel ou pólem para irem consumindo aos poucos.
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Potes de mel em uma transferência de Mandaçaia |
Esses potes são construidos com cerume, que é uma mistura de cera e própolis e geralmente tem a cor marrom escura embora dependendo da espécie, estes tons de marrom variem muito. Como a própolis utilizada na confecção do cerume tem origem em resina de diversas plantas então essa própolis no cerume dos potes também influenciam no sabor final do mel ali armazenado, outro fator para a enorme diversidade dos tipos de méis das asf. Já começaram em algumas regiões, concursos para avaliação dos sabores de méis das abelhas nativas, um mercado que está apenas despontando, outra enorme riqueza que o Brasil tem para distribuir ao resto do mundo!
potes de mel de mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidióides) |
Existem espécies de abelhas nativas, como as uruçús que são capazes de produzir até sete litros de mel, se criadas nas condições ideais. Um meliponário com 100 ou 200 caixinhas pode incrementar uma boa renda complementar